Vinte e cinco Vinte e um – A gente já sabia, certo? (Spoiler do final)

Lee Jong Suk (Romance is a Bonus Book), um dos meus (muitos) atores preferidos, disse na primeira entrevista que deu para a Esquire Korea, logo depois de voltar do Serviço Militar, em janeiro de 2021: “Eu acho que um final triste fica na memória das pessoas por muito mais tempo do que um final feliz. Mas, como público, acho que as pessoas preferem um final feliz”.

Lembrei dessa entrevista quando vi as pessoas comentando nas redes o quanto ficaram chateadas, desapontadas até, com o final da série Vinte e cinco, Vinte e um (Netflix) – que aliás já entrou para o meu ranking das Top 10. (Por que? Conto depois, ainda vou falar muito da série por aqui.)

Parece que Lee Jong Suk tem razão, mas no caso da série Vinte e cinco, Vinte e um tem algo de muito curioso, cortesia de (pelo menos) duas características, que prefiro chamar de qualidades, dos K-dramas: um roteiro muito bem escrito, de Kwon Do Eun, e um casal de atores talentosos e carismáticos, mas também entrosados, Kim Tae-Ri (Mr. Sunshine) e Nam Joo-Hyuk (Apostando Alto).

 

Crônica de uma separação anunciada

Afinal, já no primeiro capítulo da série, no tempo presente, é de se supor a separação, o final infeliz. Mais exatamente, aos 6 minutos e 26 segundos de série, Kim Min-Chae (Choi Myung-bin, A Gentleman and a Young Lady), a filha adolescente da protagonista Na Hee-Do (Kim Tae-Ri) adulta, ao descobrir o diário da mãe escondido numa gaveta, depois de dar uma olhada nas primeiras páginas, diz: “O ex-namorado da mamãe?”.

Mas, e essa é uma das muitas boas sacadas do roteiro, a história do diário que a garota está lendo não diz respeito ao ex-namorado da mãe, e sim à campeã de esgrima que Na Hee-Do tanto admira, como vamos saber logo depois. Entretanto, como também é no primeiro capítulo que Na Hee-Do conhece Baek Yi-Jin (Nam Joo-Hyuk, Apostando Alto), e no final dele já fica evidente que os dois estão destinados a ter uma relação especial, não poderia ser mesmo ele o “ex-namorado da mamãe?”.

Baek Yi-Jin e Na Hee-Do, as alegrias, as incertezas e as delicadezas do primeiro amor na série Vinte e Cinco Vinte e Um

Jogos de palavras e sugestões como esses vão se sucedendo ao longo da série e do jogo entre os três tempos em que ela se passa, de 1998 a 2002, 2009 e no tempo presente, enquanto Na Hee-Do e Baek Yi-Jin vão se aproximando, e a gente vai se apaixonado – e torcendo – por eles, pelos outros personagens principais, se encantando com a série.

 

Mas a gente não quer ver

Até o final do décimo capítulo, quando é um verdadeiro choque, além de triste de partir o coração, descobrir que a Na Hee-Do adulta não se lembra mais da viagem à praia que fez com Baek Yi-Jin e seus amigos de quem tanto gostava. Mas, mais uma boa sacada do roteiro, não é bem assim, embora a gente só vá descobrir mais no final o porquê.

Agora, no começo do décimo quarto capítulo, não tem artimanha de roteiro: não tem final feliz. Resta apenas saber por quê. Mas, mesmo assim, ainda assim, houve protesto, indignação, revolta até, justificados por argumentos de todos os tipos, inclusive narrativos, como a incoerência entre a trajetória e caracterização dos personagens ao longo da história e nos dois últimos capítulos. Ficou difícil aceitar não apenas a separação, mas as causas já anunciadas, penso eu, que levariam a ela, e ao final infeliz, portanto.

É frustrante, eu sei. Penso no que disse Lee Jong Suk, e as razões pelas quais o final triste fica mais tempo com a gente….

Uma delas talvez seja porque o final triste traça um caminho indesejado pela fronteira do entretenimento, da fantasia da ficção, para aterrissar na pista incômoda que nem sempre quer ser chamada de realidade, ou até, de vida. Muitas vezes inacessível, inclusive, quando se quer apenas diversão. Para mim, no entanto, esse é o melhor tipo de diversão.

Um verão para sempre? Para os adoráveis jovens protagonistas de Vinte e cinco Vinte e um, talvez.