Foi meses antes da pandemia global do coronavírus (D.C.) que eu, graças à minha mãezinha octogenária, descobri as séries sul-coreanas. Com elas, conheci também a extraordinária produção da indústria do entretenimento sul-coreano, um projeto de governo e de Estado tão bem-sucedido que tem servido de modelo – e encantado fãs – mundo afora, especialmente durante e após a pandemia.
Mal sabia eu que os doramas me trariam o propósito de vida que buscava na Matrix dos tempos modernos: uma janela para o Oriente, para a cultura e a sabedoria ancestral dos orientais, pela via da linguagem cinematográfica, minha especialidade. A experiência de assistir aos k-dramas me trouxe os paradigmas e parâmetros para uma crítica mais consistente da cultura e do mundo ocidental contemporâneos, que eu já ensaiava há anos. E, ainda mais importante, ampliou os (meus) horizontes para a compreensão na nova configuração global pós-pandemia. Isso tudo com o deleite de uma estética, narrativa, sensibilidade e ritmo incomparáveis.
Estas kronikas koreanas são a minha declaração de gratidão às séries, de respeito à indústria cultural, de admiração à cultura sul-coreanas e também à filosofia oriental, com todas as suas contradições. Não as temos todos?
Por mais de 30 anos, como jornalista, fiz reportagens, crítica e comentários da produção ocidental de filmes de cinema, streaming e séries em veículos da imprensa tradicional e mídias digitais. Como gestora de comunicação, atuei em multinacionais do entretenimento como Warner Bros., Viacom e Diamond Films, e em distribuidoras nacionais como Top Tape e Imagem Filmes.
Tenho mestrado em semiótica do cinema pela FFLCH-USP e pós-graduação em jornalismo científico e comunicação científica pela UNICAMP. Escrevi o livro best-seller Restart – Coração na mão – A história completa (Benvirá, Saraiva, 2011), e editei os livros CHEGA!!! Autoconhecimento para uma vida plena (Carmen Shanghai, Scortecci, 2019), Do Avesso ao Direito (Paloma Klysis, 2003) e Dicionário de Cineastas (Rubens Ewald Filho, 2001).